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Minha primeira consulta com a Psicóloga

Foto do escritor: Patricia CarneiroPatricia Carneiro

Cláudia passou as semanas seguintes "arrastando correntes", como dizem por aí. Furiosa, ego machucado, confusa e sem entender como Teresa, tão despreocupada, tão pouco comprometida, poderia ter roubado dela a posição que ela queria, e que era dela de direito. E agora, para ser uma possível sócia no futuro, ela teria que procurar uma psicóloga. Ela nunca precisou de psicóloga, era bem resolvida. Quase nunca chorava, quando se sentia triste abria uma garrafa de vinho, ligava a tv e procurava uma comedia no netflix, dormia anestesiada, o dia seguinte seria melhor.


"Mas é claro que o sol Vai voltar amanhã Mais uma vez, eu sei

Escuridão já vi pior De endoidecer gente sã Espera que o sol já vem".


Cláudia resolve então ligar para a psicóloga, não porque acha que precisa, mas sim, porque sabe que se não for a presidente da empresa simplesmente não irá parar com essa "palhaçada". Ela não precisa de terapia, mas vai lá, rapidinho, uma vez por semana não mata ninguém, vai ser como um remédio ruim que tem tomar, vira e pronto.


Patrícia abre o consultório e sorri: "Pode entrar, Cláudia, estava esperando você". Cláudia senta desconfiada e um pouco aflita. O que se fala num psicóloga? Ela tem que chorar? Ela tem que contar tudo sobre sua vida? "Bem, eu não tenho motivo nenhum para estar aqui, eu só vim porque minha chefe disse que eu não sei dizer não, aí como ela disse que achava que eu deveria vir, eu vim. Agora veja se isso é motivo para vir, eu quero ser promovida, só isso. Hoje em dia se uma mulher quer ser promovida acham que precisa de psicóloga?"

Patrícia pergunta então: "Entendo, deve ser difícil ter que vir até aqui sem querer mesmo. Mas você veio sozinha ou alguém te trouxe?"

-Como assim? Vim sozinha, ué? Você acha que eu dependo de alguém? Eu só faço o que eu quero.

- E você quer estar aqui, comigo?

Cláudia baixou os olhos, foi pega... "quero, não sei, eu vim porque preciso, é diferente".

-Então, Cláudia, vamos tentar nos conhecer. Meu nome é Patrícia, muito prazer. Aqui é seu espaço, você pode usá-lo para falar sobre o que não consegue dizer lá fora para ninguém, nem mesmo para você. Se você topar vir comigo, eu vou com você. Que tal?

-Tá, vou fazer pelo trabalho somente, não tenho nada para falar.

- Já temos algo para dizer...



e assim Cláudia inicia sua primeira sessão de terapia



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